O nosso queridinho de quatro cordas ainda é, infelizmente, visto por muitos como um brinquedo ou ainda um instrumento auxiliar. Mas na correria do dia-a-dia, nos pequenos apartamentos, nos ambientes cada vez mais minimalistas quem se destaca é ele: o ukulele.
Imagem: Tato, da banda Falamansa com seu ukulele Lanikai.
Cada vez mais músicos no Brasil e no mundo, se encantam com a simplicidade visual e complexidade musical que o ukulele oferece e passam a tratá-lo com o respeito que merece.
Por isso conversamos com Sidney que tem o Projeto Silva (ouvir no spotify), utilizando o uke como instrumento principal em todas as músicas.
Ukecifras: Oi Sidney! Nós conhecemos o seu trabalho a alguns anos, mas te conhecemos quando você já estava pronto. De onde veio a música em você?
Sidney: Eu comecei a tocar com 8 anos de idade, quando a minha mãe me levou a igreja. Lembro que quando vi o rapaz tocando guitarra, eu pirei!!! E depois disso minha mãe me incentivou a tocar. Meu primeiro instrumento "oficial" foi um violão tonante que eu achei no lixo (risos).
Mas o engraçado foi que a minha mãe já grávida de mim, estava assistindo Roberto Carlos, orou e pediu a Deus que o filho dela fosse músico. Coitada, invés de pedir um filho rico: Deu nisso! (risos)
Ukecifras: Partindo disso, você começou a criar e interpretá-las sem o ukulele e que problemas você encontrava por ainda não ter o colega de quatro cordas?
Sidney: As dificuldades na época eram as informações, era muito complicado. Sou da época dos fanzines - Fanzine é a aglutinação de fanatic magazine (expressão da língua inglesa que significa "revista de fanático"). É, portanto, uma revista editada por um fã) - e troca das fitas cassetes (risos). A facilidade que hoje eu vejo, é que existem vários canais de informação onde aprendemos a escolher desde uma palheta, a um bom instrumento além de cifras (como o ukecifras que é uma mão na roda!).
O ukulele já tem esse "formato" de ser um instrumento aparentemente simples de se tocar, e isso ajuda bastante na forma de compor, de expressar a musicalidade da forma que você acha que deve ser.
E como ele (ukulele) toca as pessoas de uma forma simples e verdadeira, isso tem ajudado bastante até pra divulgação do mesmo.
Ukecifras: E sobre a infraestrutura que o ukulele precisa, ou não precisa?
Sidney: A infraestrutura é maravilhosa, é um instrumento que eu chamo de "libertador" porque ele não precisa de mais nada! Te dá toda liberdade para se apresentar onde e como você quiser. Desde um mega palco, como um simples luau, e o feedback é instantâneo.
Eu posso falar que de tantos instrumentos que existem, o ukulele é o que hoje aproxima mais as pessoas da música.
Ukecifras: Alguns músicos com os quais conversamos já encontraram preconceitos de pessoas que ainda não conheciam o ukulele. Isso já ocorreu com você?
Sidney: Jamais! Tirando as piadas de Cavaco, tudo certo (risos)!
O que mais gera são as curiosidades das pessoas em relação ao instrumento, por mais que ele seja popular em outros países, por aqui ainda está sendo difundido.
Mesmo que no meio indie ele já esteja bem familiarizado, ainda é "underground" pra massa. Acredito que está numa crescente bem rápido. Não vai demorar muito para vermos o uke sendo introduzido na música popular feita no Brasil.
Ukecifras: Qual - ou quais - ukuleles você tem? Têm alguma preferência de cordas?
Sidney: Hoje eu estou com um concert tanglewood modelo TU9. Elétrico, maciço.
Mas antes tive um soprano pineapple da Lanikai e um tenor da Mahalo: todos com cordas Aquila. Meu concert uso as cordas red low g. Sensacionais!
Ukecifras: O ukulele se encaixa muito bem em todos os tipos de música, você acha alguma combinação especial ou mais interessante?
Sidney: O ukulele ficou muito conhecido pelo reggae, simplicidade nas batidas. Mas ele fica lindo com dedilhados bem feitos, harmonias abertas, onde você consegue explorar mais as cordas. Mas ele consegue viajar em todos os estilos mesmo.
Ukecifras: Eu acho inclusive curiosa essa associação que as pessoas têm com o reggae, porque não há grandes ícones do estilo que usam ukulele. Surf music por exemplo é um estilo muito mais forte no ukulele pois têm adeptos como Donavon e Jack Johnson, mas o reggae que leva a fama.
Ukecifras: Você gosta muito de bandas brasileiras da década de 90, a inspiração das suas letras vêm delas ou de outros lugares?
Sidney: Cara, anos 90 foi o marco do rock nacional pois revelou uma variedade enorme de bandas. E sim, é uma inspiração. Bandas como O Rappa, Nação Zumbi, Maskavo. Escuto até hoje.
Ukecifras: Sidney, muitíssimo obrigado por abrir esse tempo aqui pra gente. Espero que possamos fazer mais participações assim juntos.
Sidney: Com certeza! ALOHA!
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